0:00
/
0:00
Transcrição

Depoimento de David Ágape na Câmara do DF

Audiência na CLDF debateu anistia e denunciou violações de direitos humanos após o 8 de janeiro.

Na última semana, participei da audiência pública realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal para debater a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. O evento, proposto pelo deputado Thiago Manzoni, reuniu parlamentares, advogados, familiares de presos e jornalistas, com transmissão ao vivo pela TV Câmara Distrital.

Em minha fala, relatei as dificuldades e riscos enfrentados na investigação dos arquivos do 8 de janeiro, que revelaram ilegalidades e a existência de um gabinete de inteligência clandestino no TSE. Ressaltei que a decisão de publicar o material não foi apenas jornalística, mas também humana, movida pela certeza de que famílias aguardavam por justiça para seus entes presos. Critiquei ainda o silêncio de parte da imprensa, que preferiu ignorar as denúncias documentadas.

Reforcei que meu trabalho não tem caráter partidário. Não faço jornalismo para defender Bolsonaro ou qualquer político, mas para expor injustiças e defender os direitos humanos. Esse é o compromisso que seguirei honrando, sem retroceder.

A audiência contou com depoimentos marcantes, como o de Luiza Cunha, filha de Cleriston Pereira da Cunha, que relatou a dor da família após a morte do pai na prisão. Foi feito um minuto de silêncio em memória de Charlie Kirk, e o plenário aplaudiu de pé a trajetória do advogado Luiz Felipe Pereira da Cunha, falecido dias antes, lembrado por sua defesa de réus do 8 de janeiro e pela denúncia contra Alexandre de Moraes à OEA.

Entre os participantes da audiência estiveram também o jornalista Eli Vieira e a defensora pública Bianca Cobucci Rosière, autora do livro 8 de janeiro e o direito penal do inimigo e organizadora da coletânea In Verbo Veritas, que incluiu um artigo meu sobre o Complexo Industrial da Censura. Rosière destacou que “cabe, de fato, ao STF analisar a constitucionalidade das leis, mas jamais impor a sua vontade”, defendendo que a anistia, por ser prerrogativa do Congresso Nacional, não poderia ser obstada pelo Judiciário.

A defesa dos direitos humanos no cárcere e as críticas ao Supremo Tribunal Federal marcaram a sessão. O advogado Hélio Júnior, responsável pela defesa de 125 presos do 8 de janeiro, detalhou violações graves nas penitenciárias do Distrito Federal, desde a superlotação — com mais de 15 mil presos para menos de 9 mil vagas — até denúncias de tortura, má alimentação e presos obrigados a dormir no chão.

Discussão sobre este vídeo

Avatar de User