‘Fim da Fome’: governo Lula distorce dados e ignora pandemia em narrativa contra Bolsonaro
Comparação entre dados coletados no auge da pandemia e números recentes cria narrativa de “milagre estatístico” atribuída exclusivamente ao governo atual.
No último dia 28 de julho de 2025, o perfil oficial do governo no Instagram celebrou a saída do Brasil do Mapa da Fome, anunciada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU), com um vídeo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em videoconferência com o diretor-geral Qu Dongyu: “Hoje eu sou o homem mais feliz do mundo. Nós conseguimos acabar com a fome. O Brasil sai do Mapa da Fome”, disse, sorridente.
Dongyu, primeiro chinês a liderar a FAO, elogiou Lula como “exemplo” mundial. Em 2024, ele já havia feito elogios semelhantes ao regime de Kim Jong Un durante visita oficial à Coreia do Norte, mesmo diante de uma grave crise de fome no país. Desde que assumiu a direção da FAO, Dongyu vem sendo acusado de usar a agência da ONU para fortalecer a influência política e econômica da China. Diversos especialistas apontam que ele nomeou chineses para cargos-chave e favoreceu empresas ligadas a Pequim, além de reduzir mecanismos de transparência dentro da organização. Também recaem sobre sua gestão suspeitas quanto à integridade científica de relatórios da FAO.
Enquanto isso, no Brasil, o perfil oficial do governo Lula reforçou o tom triunfalista ao divulgar o anúncio, afirmando que 24,4 milhões de brasileiros superaram a insegurança alimentar desde 2023, após a “destruição de políticas sociais” no governo Bolsonaro que teria trazido a fome de volta em 2022. “Menos de 2,5% da população brasileira sofre hoje de insegurança alimentar crônica. Uma realidade bem diferente daquela encontrada em janeiro de 2023, quando mais de 33 milhões de brasileiros passavam fome”, escreveu o perfil.
A narrativa foi rapidamente amplificada em redes sociais e grupos de WhatsApp da militância petista, como o Caçadores de Fake News, já denunciado por A Investigação por promover propaganda governista e atacar opositores.
O problema é que essa história se apoia em dados incompatíveis e em uma comparação artificial. O número de 33,1 milhões de brasileiros passando fome em 2022, repetido por Lula, vem de um levantamento da Rede PENSSAN realizado no auge da pandemia, quando a inflação de alimentos disparava e o desemprego batia recordes. A amostra dessa pesquisa também tinha um peso maior de regiões mais vulneráveis: 34% dos entrevistados estavam no Nordeste, onde 25,7% das famílias viviam insegurança alimentar grave.
Já o dado atual, usado pela FAO para afirmar que o Brasil saiu do Mapa da Fome, considera o triênio 2021–2023, que inclui o ano de 2023, um período de recuperação econômica pós-pandemia, com desemprego em queda e safra recorde. A estimativa é produzida pela FAO com base em dados nacionais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e internacionais, calculados por média trienal para evitar distorções.
Ainda em fevereiro de 2023, no início do governo, Lula já havia afirmado que 33 milhões de brasileiros passavam fome no governo Bolsonaro. Na ocasião, a FAO reconheceu que os dados não eram comparáveis. Em entrevista à CNN, a agência explicou que utiliza uma metodologia diferente da Rede PENSSAN — o que explica a discrepância entre os resultados.
Embora a queda da fome seja real e mereça ser comemorada, ela é menor do que está sendo propagandeada por governistas. O anúncio feito agora pela FAO, de que o Brasil “deixou o mapa da fome”, só foi possível porque o cálculo do triênio 2022–2024 finalmente deixou de incluir os anos mais críticos da pandemia (2020 e 2021), que puxavam a média de subnutrição para cima. O triênio atual ainda inclui 2022, último ano marcado pelos efeitos da crise sanitária, mas já com sinais de recuperação econômica. Até então, todos os períodos avaliados pela FAO (2019–2021 e 2020–2022) ainda capturavam o auge da pandemia, o que mantinha o Brasil acima do limiar de 2,5% da população em subnutrição.
Ao comparar dados coletados no auge da pandemia (Rede PENSSAN, 2022) com dados atuais já obtidos em meio à retomada econômica (IBGE/FAO, 2023‑2024), o governo Lula constrói a impressão de um “milagre estatístico” fruto exclusivo de suas políticas. Além disso, a comunicação oficial ignora que a tendência de melhora já estava em curso antes mesmo da posse de Lula: em 2022 o PIB cresceu 2,9%, o desemprego caiu para 8,3% e o Auxílio Brasil de R$ 600 atendia 20 milhões de famílias.
Na prática, trata-se de uma comparação entre pesquisas diferentes, feitas em momentos, amostras e metodologias distintas. Ou seja, compara-se laranjas com maçãs. A leitura desatenta dessa narrativa, repetida por influenciadores e perfis alinhados ao governo, distorce a realidade e “faz festa com chapéu alheio”, transformando um avanço multifatorial em propaganda de mérito exclusivo.
A conta da pandemia
O número de 33 milhões de brasileiros passando fome em 2022, usado por Lula e pela militância como ponto de partida para sua narrativa, vem do levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). Essa rede de pesquisadores e organizações da sociedade civil surgiu em 2020, no início da pandemia, justamente para suprir a ausência de dados oficiais do IBGE, que havia interrompido suas pesquisas sobre insegurança alimentar.
Entre 2020 e 2022, o IBGE deixou de aplicar a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) na PNAD Contínua por dois fatores principais: restrições da pandemia, que inviabilizaram as coletas presenciais, e cortes orçamentários severos no governo Bolsonaro, que levaram a priorizar outros indicadores, como emprego e inflação. Esse vácuo de dados abriu espaço para que a Rede PENSSAN assumisse o monitoramento da fome no país.
O II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar em Contexto de Covid-19 (II VIGISAN), publicado em junho de 2022, foi realizado entre novembro de 2021 e abril de 2022, no auge da crise pandêmica e econômica. O contexto não poderia ser pior: a inflação alimentar acumulada variava entre 10-12%, com picos de até 40% em itens básicos como arroz e feijão; o desemprego atingia 12% nacionalmente, mas alcançava 15% no Nordeste; cerca de 50% dos domicílios relataram redução de renda; e o Auxílio Emergencial, encerrado em outubro de 2021, deixou milhões de famílias desassistidas, enquanto o Auxílio Brasil, de R$ 400, começava a ser implementado.
A pesquisa entrevistou 12.745 domicílios em 577 municípios, utilizando uma metodologia em três estágios: seleção de cidades por probabilidade proporcional ao tamanho (PPT), escolha de setores censitários do IBGE e visita a cerca de oito residências em cada setor.
Por desenho amostral, o Nordeste concentrou 34% dos entrevistados, percentual maior do que o Sul (12%) e o Sudeste (16%) somados. O Norte também esteve super-representado, com 23% da amostra. Segundo os organizadores, a intenção era captar de forma mais precisa as regiões historicamente mais vulneráveis à fome, mas esse peso maior acabou puxando a média nacional para cima. Não por acaso, a pesquisa encontrou 21% das famílias nordestinas em insegurança alimentar grave e 25,7% das famílias do Norte na mesma situação, percentuais bem acima da média nacional (15,5%) e dos valores registrados no Sul (9,9%), Sudeste (13,1%) e Centro-Oeste (12,9%).
Além dos 15,5% dos domicílios brasileiros que viviam fome severa, o que representava 33,1 milhões de pessoas, a Rede PENSSAN estimou que outros 30% estavam em insegurança moderada ou leve. Para se ter uma ideia da dimensão do problema, a insegurança alimentar grave havia sido de apenas 9% em 2020 e saltou para 15,5% em 2022, o que significou 14 milhões de pessoas a mais em situação de fome em apenas dois anos. A pesquisa teve grande repercussão na época e se tornou referência para organizações sociais, imprensa e para a própria equipe de transição do governo Lula.
Mas há um ponto crucial: a pesquisa capturou um momento específico e extremo, no auge do impacto econômico das políticas de isolamento da pandemia. E o Brasil não estava sozinho nessa. O mundo sofreu a pior recessão desde a Segunda Guerra, com o PIB global caindo cerca de 3,5% em 2020 e uma recuperação tímida em seguida. Cerca de 400 milhões de empregos em tempo integral foram perdidos apenas no segundo trimestre de 2020, e o desemprego global atingiu 6,5% até o fim do ano, afetando 220 milhões de pessoas. Na América Latina, o cenário foi ainda mais grave pela dependência de setores informais e os confinamentos rigorosos.
Nessa época, os mesmos que hoje celebram a narrativa de que Lula “acabou com a fome” defendiam medidas duras de fechamento adotadas por governadores e prefeitos com aval do Supremo Tribunal Federal: lockdowns, fechamento de escolas, comércios e atividades “não essenciais”. Muitos repetiam o mantra “a economia a gente vê depois”. O “depois” chegou em 2021 e 2022 com desemprego em massa, queda na renda e explosão dos preços da comida. Mas, como dizia a minha avó, “filho feio não tem pai.”
Quem está por trás da pesquisa da Rede PENSSAN
A Rede PENSSAN é uma articulação de pesquisadores e entidades da sociedade civil criada em 2020, após a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) pelo governo Bolsonaro. A coordenação técnica do II VIGISAN ficou a cargo de Elisabetta Recine (UnB) e Inês Rugani (UERJ), ambas ex-membros do Consea e historicamente ligadas ao ativismo pela segurança alimentar. A execução de campo foi contratada ao instituto Vox Populi, responsável por aplicar questionários em 12.745 domicílios em 577 municípios. O Vox Populi é um instituto de pesquisa com longo histórico de trabalhos para campanhas eleitorais do PT e esteve envolvido em denúncias de caixa dois e propina em investigações como a Operação Lava Jato e a Operação Acrônimo.
O II VIGISAN contou com o apoio financeiro e institucional de um grupo de organizações conhecidas por sua atuação em campanhas sociais e ativismo político:
Ação da Cidadania: ONG fundada por Herbert de Souza (Betinho), referência histórica no combate à fome, com forte capilaridade em campanhas nacionais;
ActionAid Brasil: braço da ONG internacional ActionAid, com sede em Londres e financiamento de fundações globais, como a Open Society Foundations (George Soros) e a ClimateWorks;
Oxfam Brasil: parte da rede global Oxfam, organização britânica que recebe recursos da União Europeia, governos europeus e fundações privadas (como Bill & Melinda Gates Foundation);
Instituto Ibirapitanga: fundação privada criada por Guilherme Leal (cofundador da Natura), que financia projetos de ativismo social, antirracismo e meio ambiente;
Fundação Friedrich Ebert Stiftung (FES Brasil): instituição alemã ligada ao Partido Social-Democrata (SPD), com financiamento do governo alemão para projetos de direitos humanos e democracia;
Sesc São Paulo: entidade do Sistema S, que oferece apoio logístico e institucional.
Além disso, diversas dessas organizações têm relação indireta com fundos internacionais, como a Fundação Ford e o Instituto Clima e Sociedade (ICS), que financiam campanhas de ActionAid, Oxfam e Ibirapitanga no Brasil. O histórico dos envolvidos ajuda a entender o contexto da pesquisa. Tanto a Rede PENSSAN quanto muitos de seus parceiros mantêm vínculos históricos com governos petistas e com o antigo Consea, extinto por Bolsonaro em 2019. Embora isso não invalide os dados, reforça a necessidade de analisar os números com cautela, especialmente quando utilizados em narrativas políticas.
Os dados que contam outra história
Com o IBGE sem dados atualizados e o país enfrentando o pior momento social da década, a pesquisa da Rede PENSSAN acabou sendo a única fotografia disponível. É por isso que o governo Lula segue usando os 33 milhões como linha de base: serve para mostrar um contraste dramático com o dado mais recente da FAO e do IBGE (menos de 9 milhões em fome crônica), criando a impressão de que, em apenas dois anos, houve uma redução recorde. O problema é que os dois números não são comparáveis: um retrata o auge da pandemia e o outro reflete a recuperação econômica iniciada em 2022.
A FAO trabalha com uma metodologia própria: mede a Prevalência de Subnutrição (PoU), indicador que estima o percentual da população que consome menos calorias do que o necessário para uma vida saudável. Para evitar oscilações sazonais, o cálculo é feito em médias trienais, que suavizam picos e quedas.
Os dados históricos da FAO mostram uma clara tendência de queda. A prevalência de insegurança alimentar moderada ou grave atingiu o pico de 22,1% no triênio 2019–2021 (auge da pandemia), caiu para 18,4% no triênio 2020–2022 e recuou ainda mais no triênio 2021–2023 — quando apenas o último ano foi sob a gestão Lula — chegando a 13,5% (cerca de 8,4 milhões de pessoas). O anúncio atual, usado pelo governo para comemorar a saída do Brasil do Mapa da Fome, considera o triênio 2022–2024, que inclui 2022, ano em que a economia já mostrava sinais de recuperação pós-pandemia. Por definição, essa média trienal já invalida a comparação direta com o dado pontual de 2022 da Rede PENSSAN, que retrata um momento crítico da pandemia.
O IBGE, por sua vez, retomou em 2023 o módulo de Segurança Alimentar da PNAD Contínua, após cinco anos sem divulgar dados completos sobre o tema. Essa coleta é contínua, com milhares de entrevistas trimestrais, e usa a mesma Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) que a Rede PENSSAN empregou. Mas, ao contrário do inquérito pontual feito no auge da pandemia, a PNAD traz uma média mais estável e dilui picos momentâneos.
Os dados do IBGE mostraram que, em 2023, 4,1% dos domicílios brasileiros estavam em insegurança alimentar grave, o equivalente a 8,7 milhões de pessoas. Essa estimativa está em linha com a média da FAO para o triênio 2021–2023, que colocou o país abaixo do limiar de 2,5% da população em subnutrição crônica, critério usado para considerar um país fora do Mapa da Fome.
Essa tendência de melhora já estava em curso antes de 2023. A própria série da FAO mostra que a subnutrição crônica caiu de 4,2% da população no triênio 2020–2022 (aproximadamente 9 milhões de pessoas) para 3,9% no triênio 2021–2023 (cerca de 8,4 milhões), indicando que a curva já vinha descendo mesmo antes das medidas do atual governo.
Essa reversão está diretamente ligada à recuperação econômica que começou em 2022. Naquele ano, o PIB cresceu 2,9%, a inflação começou a ceder após picos em 2021, e o desemprego caiu para 8,3% no último trimestre – a menor taxa desde 2015. O Auxílio Brasil, criado em substituição ao Bolsa Família, teve o valor elevado para R$ 600 em agosto de 2022, beneficiando cerca de 20 milhões de famílias. Esses fatores aliviaram a pressão sobre os mais pobres e reduziram a insegurança alimentar mais severa.
Em 2023, já sob Lula, a economia manteve a trajetória de recuperação: desemprego em torno de 7%, safra agrícola recorde, inflação sob controle e continuidade do benefício mínimo de R$ 600, agora rebatizado como Bolsa Família e com adicionais por criança. A soma de fatores econômicos e sociais consolidou a queda dos indicadores de fome — mas não foi fruto exclusivo do governo atual, como a propaganda oficial tenta fazer crer.
Colocar lado a lado os 33,1 milhões de 2022 da Rede PENSSAN com os menos de 9 milhões de 2023 do IBGE e da FAO é um artifício retórico, não um retrato honesto da realidade. São pesquisas com métodos diferentes, recortes distintos e contextos opostos: um mediu o pior momento da pandemia, outro reflete a recuperação econômica já em andamento.
Essa prática é tão enganosa quanto comparar o faturamento de bares e restaurantes durante as restrições de funcionamento com o faturamento em tempos normais. O efeito que se vende como “milagre” é, em grande parte, o resultado natural do fim da crise sanitária e da retomada econômica.
A manipulação narrativa e a máquina digital do PT
Se a Rede PENSSAN e os dados do IBGE/FAO são legítimos dentro de seus respectivos contextos, o problema está em como o governo Lula decidiu explorá-los politicamente. Ao construir um “antes e depois” dramático, a comunicação oficial criou a impressão de que, em apenas dois anos, o país saiu do caos absoluto da fome para a bonança da segurança alimentar — uma narrativa que não resiste a uma análise mais atenta.
Essa mensagem não fica restrita às contas institucionais. Ela é amplificada por uma rede de militância digital bem estruturada. A militância digital petista tem feito a sua parte ao disseminar em massa a narrativa com termos carregados de emoção e frases de efeito, sempre associando a melhora exclusivamente às políticas do atual governo. As comparações com 2022 são onipresentes e invariavelmente atreladas ao termo “destruição de políticas sociais” para reforçar a culpa no governo Bolsonaro. Cards com slogans como “24 milhões saíram da fome” e “O Brasil voltou a comer” se multiplicaram em redes sociais nos dias seguintes ao anúncio da FAO, repetidos por parlamentares petistas, artistas e formadores de opinião simpáticos ao governo.
O PT conhece bem essa cartilha: pega um dado real, tira do contexto e apresenta como um grande feito. O resultado é previsível: uma conquista parcial se transforma em propaganda e arma política, usando o drama da fome como palanque para atacar adversários e promover o governo.
No fim, o país pode até estar fora do Mapa da Fome, mas segue longe de resolver a insegurança alimentar que afeta milhões de famílias. O dado real, mais tímido e cheio de nuances, não rende likes nem engajamento. Por isso, o governo preferiu criar uma história conveniente, ainda que construída sobre comparações frágeis e omissões.
Boa noite!
Seu trabalho é impecável.
Infelizmente, sobre a audácia desse governo, segue o mesmo script e seus ilustríssimos eleitores não conseguem perceber que, sofrem uma sucessão de sequestro de amígdalas.
O trabalho deles, infelizmente foi bem feito ao menos até aqui.
Hoje esses órgãos governamentais citados, e acho que nem um, já não gozam de lisura.
Fato é que nós que percebemos um pouco mais, aqui não te incluio David, pois você percebe muito e com muita segurança todo contexto, temos uma grande chance de propagarmos pesquisas como essa, sem exitar a cada dia vamos rompendo essa barreira que foi criada pela nossa inércia.
Mais uma vez parabéns e obrigada.
Mais uma grande mentira deste….completem os pontinhos se concordam comigo.