Do Samizdat ao Substack: lições da resistência tcheca à censura para o Brasil de hoje
Uma entrevista com a jornalista tcheca Cecílie Jílková sobre os abusos do poder, a importância da liberdade de expressão e os riscos da censura digital.
Em junho de 2025, durante a segunda edição do Westminster Free Speech Forum em Londres, organizado por Michael Shellenberger, tive a oportunidade de reencontrar a escritora e jornalista tcheca Cecílie Jílková. Sua trajetória atravessa duas épocas distintas da luta pela liberdade: a resistência de sua família à ditadura comunista da antiga Tchecoslováquia e, hoje, sua própria atuação contra o avanço da censura digital na Europa.
Filha de dissidentes, Cecílie cresceu sob o regime soviético, em uma casa onde pensar livremente era ao mesmo tempo perigoso e inegociável. Seu pai, Ludvík Vaculík (1926—2015), escritor e jornalista, era constantemente vigiado pela StB, a polícia secreta do regime. Sua mãe, Lenka Procházková, foi perseguida por apoiar os dissidentes de Praga — entre eles, colegas do movimento Carta 77. Desde cedo, Cecílie aprendeu que a liberdade de consciência podia ter um alto custo — mas valia mais do que o silêncio imposto pelo medo.
O comunismo se instalou no país em 1948, quando o Partido Comunista tomou o poder com apoio da União Soviética. Nos anos seguintes, o Estado se tornou uma máquina de controle e repressão. Cerca de 250 mil pessoas foram presas por motivos políticos; milhares morreram em campos de trabalho forçado ou foram executadas. A censura era total. A economia foi estatizada, a fé religiosa perseguida, e o medo, espalhado em silêncio por todos os cantos — das salas de aula às mesas de jantar. Em 1968, a tentativa de reforma conhecida como Primavera de Praga foi brutalmente esmagada pelos tanques soviéticos. A esperança só retornaria em 1989, com a Revolução de Veludo — um movimento pacífico marcou o fim do regime, e transformou a então Tchecoslováquia em símbolo da transição democrática no Leste Europeu.
Hoje, é a vez de Cecílie defender a liberdade. Agora, diante de novas ameaças. O que antes se fazia com escutas e dossiês, hoje se faz com filtros invisíveis, vigilância digital, criminalização do discurso e algoritmos travestidos de combate à desinformação.
Autora do livro Father God and Mother Love (“Otec Bůh a matka Láska”) — em que narra a infância sob vigilância, os traumas herdados e as marcas deixadas pelo autoritarismo nas relações mais íntimas — Cecílie publica hoje no Substack, onde reflete sobre os impactos da digitalização e alerta para a crescente normalização do controle estatal sobre a internet e a opinião pública. Na última semana, publicou uma entrevista comigo, centrada na crise de confiança da sociedade brasileira em relação à imprensa tradicional e nos novos mecanismos de censura institucional.
Agora, os papéis se invertem: nesta conversa, é Cecílie quem compartilha sua visão sobre a história da República Tcheca e os desafios contemporâneos à liberdade de expressão. Um diálogo que interessa especialmente ao Brasil, onde o controle do debate público avança sob justificativas semelhantes. Ouvir quem já enfrentou — e sobreviveu — a um regime de silêncio pode nos ajudar a compreender o que está em jogo agora, e como podemos vencer.
Como foi crescer sob vigilância do regime comunista?
É importante entender que, quando você nasce em condições extremas, aquilo se torna o seu normal. Para mim, era completamente natural que nosso apartamento estivesse sempre monitorado com escutas, que o telefone fosse grampeado, e que um carro com agentes da polícia secreta ficasse estacionado em frente à nossa casa.
Meus pais nos ensinavam a não falar alto sobre certos assuntos em casa e a não confiar nas pessoas. Qualquer um podia ser colaborador da polícia secreta, e muitos realmente eram. Por exemplo, as professoras do jardim de infância que eu frequentei. Antes de entender isso, eu achava que o interesse delas pela nossa família era afeto genuíno, e eu gostava de conversar com elas sobre o que acontecia em casa, quem nos visitava, e assim por diante.
Conforme fui crescendo, aprendi a desconfiar naturalmente de sistemas centralizados, da mídia e de políticos — mas também aprendi a não me estressar com isso. Mesmo uma infância em meio à dissidência pode ser divertida. As pessoas se adaptam com facilidade.
Como era viver com pais dissidentes, e de que forma isso te influenciou?
Ambos os meus pais eram dissidentes — e meu pai era 25 anos mais velho que minha mãe. Ele só se tornou dissidente já na maturidade. Já minha mãe entrou na lista de inimigos do Estado aos 18 anos, por causa do próprio pai, o famoso escritor Jan Procházka, então considerado um inimigo do Estado. O regime literalmente perseguiu meu avô até a morte. Minha mãe herdou do seu pai esse status de “pessoa anti-sistema” sem ter feito nada contra o regime por conta própria.
Documentário sobre a morte de Jan Procházka (em inglês).
Como isso me influenciou? Acredito que de forma positiva. Meus pais não tinham medo do regime. Mesmo sendo interrogados com frequência, mesmo impedidos de exercer suas profissões — ambos tinham formação universitária e meu pai era um autor e jornalista reconhecido —, mesmo sem podermos viajar ao exterior e mesmo que ameaça de que poderiam prender e encarcerar meu pai a qualquer momento estivesse constantemente presente, nós, como família, ríamos do regime todos os dias.
Isso me ensinou a não respeitar automaticamente as autoridades formais, mas a seguir outros critérios. Pessoas moralmente fortes, corajosas, brilhantes — verdadeiros modelos a seguir — merecem respeito. Burocratas e oportunistas que ajudam ou servem à tirania totalitária, mesmo que apenas por seu consentimento silencioso e passivo, não merecem respeito.


Que papel teve a resistência cultural na luta da sua família contra a censura?
A atividade principal do meu pai era o “samizdat” — publicação clandestina de textos dos mais diversos gêneros. Depois de ser banido como escritor, ele fundou uma editora samizdat. Isso significava receber textos de outros autores proibidos, editá-los, conseguir dinheiro para reprodução e encadernação, e depois distribuí-los entre a comunidade dissidente.
Muitas vezes, esses textos também chegavam ao público comum, circulando de mão em mão como material clandestino. A leitura desses livros e revistas clandestinas animava as pessoas e as motivava. Era como “água viva” naquele mar entediante de propaganda oficial.
Mais importante, no entanto, era que os textos chegavam a países estrangeiros por meio de uma rede de contatos amigáveis, incluindo vários diplomatas, onde eram publicados oficialmente. Para os autores, isso significava, em primeiro lugar, dinheiro para viver (porque o regime comunista não podia justificar aos países estrangeiros a confiscação de honorários em moeda estrangeira) e, em segundo lugar, protegia esses autores, incluindo o dramaturgo Václav Havel, futuro presidente, de tratamentos brutais pela polícia secreta.
Enquanto a polícia secreta não tinha problema em atacar e espancar brutalmente a dissidente Zdena Tominová, por razões políticas, eles não podiam se dar ao luxo de agredir durante interrogatórios meu pai, um escritor conhecido publicado no exterior. Isso me ensinou que o regime sempre se comporta pior com os desconhecidos.
Os encontros secretos de dissidentes também eram muito importantes porque motivavam os dissidentes a perseverar em seus esforços, a não perder a força moral e a não sucumbir ao ceticismo. Nessas reuniões, eles não apenas confirmavam as posições uns dos outros, mas também as refinavam e trocavam inspirações. Os dissidentes também serviam naturalmente como feedback profissional uns para os outros. Entre eles estavam professores brilhantes, filósofos — em resumo, a elite intelectual e moral da nação. A qualidade de algumas obras criadas na Carta 77 era muito alta.
Como o Brasil pode aprender com a resistência de sua família para proteger a liberdade de expressão hoje?
As palavras são como água — nunca podem ser completamente contidas. Você pode represar um rio, mas a represa transbordará. Então, a censura é, de certa forma, sempre disfuncional e até contraproducente. O que censuramos, fortalecemos, porque damos a isso o selo de mercadorias clandestinas valiosas, criando assim um mercado negro de ideias.
Autores censurados muitas vezes alcançam grandeza exatamente por terem sido banidos. A censura fortalece o caráter dessas pessoas — e isso melhora a qualidade do que produzem. Já os oportunistas a serviço do regime, mimados e subsidiados, acabam produzindo obras fracas, sem valor duradouro. O conteúdo censurado torna-se mais competitivo não apenas por sua qualidade, mas também por ser raro.
Nesse sentido, é vantajoso responder à censura com resistência na forma de sua própria produção clandestina. Pense nisso como um investimento a longo prazo. É uma boa ideia usar seu desejo interno de se expressar abertamente. Não é tempo desperdiçado — muito pelo contrário.
Outro aspecto positivo de lutar pela liberdade de expressão é a transcendência. Toda pessoa busca um significado maior em sua vida. Viver sem um propósito maior leva à decadência, vícios de todos os tipos, psicopatologias e autodestruição.
Um significado maior que transcende até mesmo nosso ego e o deixa em segundo plano pode nos encher de felicidade, mesmo em condições externas objetivamente desfavoráveis. Mesmo prisioneiros em campos de concentração tinham uma chance maior de sobrevivência se encontrassem um significado maior em suas vidas. E esse significado era, por exemplo, amar alguém com amor puro e se conectar interiormente a esse ideal nos piores momentos.
Mas outro propósito de vida possível nessa luta é o trabalho criativo. Transformar algo negativo — como viver sem liberdade — em algo belo e brilhante — como um bom artigo, romance, crônica, pintura, música ou postagem — não é só uma excelente terapia, mas também um presente para a comunidade. E quem dá algo aos outros, também é recompensado por dentro com bons sentimentos. Sua vida ganha um significado maior. Portanto, pode-se dizer que lutar contra a censura é uma reação completamente natural de uma pessoa que busca um significado maior para sua vida.
Qual é a maior ameaça à liberdade de expressão na República Tcheca hoje?
Sem dúvida, a Comissão Europeia. Assim como o Brasil vive hoje sob a ditadura de autoridades não eleitas, a República Tcheca, como Estado-membro da União Europeia, enfrenta a ditadura de comissários também não eleitos e corrompidos por lobbies. Todas as regulações voltadas à censura partem da Comissão Europeia. Os maiores perigos são as legislações europeias DSA, eIDAS, e Chat Control 2.0.
O DSA pode legalizar toda censura porque autoriza oficialmente as plataformas a censurar;
O eIDAS legaliza ferramentas tecnológicas (identidades digitais) para quebrar o anonimato nas redes;
E o Chat Control pode legalizar a remoção da privacidade porque defende a quebra da criptografia de todas as comunicações digitais.
A grande maioria dos europeus ainda não percebe o potencial dessas legislações. E essas legislações vêm dos comissários da Comissão Europeia.
Como um país que superou a censura e a repressão sob o comunismo agora começa a flertar novamente com o autoritarismo?
De forma bastante natural. O mundo todo passa por ciclos alternados de liberdade e repressão, de paz e guerra. Na Europa, já vivemos ocupações alemã e soviética, já enfrentamos os horrores do nazismo e do comunismo — e agora vemos surgir uma tentativa de controle em massa por meio da tecnologia.
Esse processo é natural porque o poder obedece a leis imutáveis de desenvolvimento e comportamento, independentemente de quem o exerce. Isso não é uma ideia minha, mas uma constatação do meu pai, que foi expulso do Partido Comunista em 1967 após um discurso em que definiu essas leis. Por causa disso, passou vinte anos na clandestinidade.
Explico brevemente essas leis:
Segundo meu pai, o desenvolvimento e o comportamento de todo poder humano são regidos por leis internas que não podem ser mudadas nem pela pessoa no poder, nem pela classe dominante, porque são simplesmente leis do comportamento humano em uma determinada situação: o exercício do poder.
Reprodução.
Todo poder simplesmente quer continuar existindo. Ele tenta se autopreservar para sempre. (Mas nunca consegue, porque inevitavelmente degenera aos poucos, então não se preocupe.)
Homogeneização.
Isso significa que todo poder tende a eliminar automaticamente tudo o que é diferente, até que cada parte — ou “célula” — se torne igual ao centro do poder. Mesma aparência, mesmas regras, mesmo sistema, para que tudo possa ser controlado a partir de um único princípio. É por isso que temos a sensação de que toda a grande mídia repete o mesmo discurso e que vários países estão adotando regulações parecidas sobre o que pode ou não ser dito. Isso é um dos muitos sintomas da homogeneização do poder.
Independência.
O poder se fortalece gradualmente até alcançar um estado em que não precisa mais do apoio de ninguém, mas depende de si mesmo — o centro se apoia na periferia e vice-versa. Os componentes individuais do poder podem confiar uns nos outros cem por cento e devem, porque formam um círculo fechado.
Dinastização.
O que isso significa? Por exemplo, é uma situação em que, durante uma determinada crise, o poder convoca uma assembleia legislativa e consegue que sua posição independente seja incorporada à constituição.
A partir de então, tudo o que fizer será feito conforme a constituição.
E como, dez, vinte ou trinta anos depois, ninguém mais coloca esse ponto na pauta — e ninguém mais pode colocá-lo na pauta segundo a própria constituição, nem convocar outra assembleia legislativa — uma dinastia acaba sendo estabelecida constitucionalmente.
É um tipo historicamente novo de dinastia, porque mantém um princípio democrático importante: qualquer pessoa pode se juntar a ela. Essa dinastia, portanto, não pode desaparecer nem pela espada, nem por falta de descendência. Isso agora ameaça a Europa — e, ao que parece, já está acontecendo no Brasil.
Trabalhar com Pessoas.
O poder sempre dá preferência a pessoas que se pareçam com ele. Mas, como há escassez desse tipo de pessoa, o poder precisa recorrer a outros, que são moldados conforme suas necessidades: pessoas sedentas por poder servem naturalmente ao poder. Assim como os obedientes por natureza, os de consciência pesada, e os que buscam bem-estar, lucro ou vantagens sem impor a si mesmos qualquer limite moral.
Pessoas com medo e crianças também podem ser adaptadas para servir ao poder. Ou ainda, pessoas que foram humilhadas e aceitam com gratidão uma nova oferta de orgulho. E, claro, pessoas naturalmente tolas. Durante algum tempo, em certas situações e para certas tarefas, até mesmo absolutistas morais e idealistas mal informados podem ser úteis ao poder — como foi o caso de meu pai, que entrou no Partido Comunista com objetivos idealistas.
Se você perceber alguma semelhança entre essa descrição e o que está acontecendo no Brasil, isso pode até lhe trazer certo alívio. Porque toda dinastia, cedo ou tarde, eventualmente se degenera. E o totalitarismo no Brasil, como qualquer outro, entrará em colapso — em parte por conta própria, devido à sua incapacidade de sobreviver, e em parte devido a pressões externas.
Qual é o impacto das regulamentações digitais da UE na liberdade de expressão na República Tcheca?
Ainda não está tão ruim. O Facebook tcheco, claro, ainda é muito censurado por meio de shadowban e bloqueios ocasionais, mas definitivamente não estamos no estágio de batidas policiais por postagens em redes sociais. Desde a pandemia, no entanto, ainda há uma atmosfera de cultura de cancelamento, e oportunistas e falsos líderes de opinião ainda assediam publicamente a oposição nas redes. Isso leva os conformistas a seguir narrativas oficiais e a maioria silenciosa à autocensura.
É, portanto, absolutamente crucial para nós impedir a planejada quebra de criptografia e preservar o anonimato nas redes. Devemos evitar isso porque prejudicaria não apenas os cidadãos europeus, mas todos os usuários de redes sociais. Se conseguirmos, isso evitará um conformismo ainda maior e uma autocensura ainda mais forte. Então, vamos manter os dedos cruzados.
A implementação da legislação de censura DSA ainda está travada na República Tcheca, aparentemente por pura incompetência burocrática, mas, mesmo assim, esse fato me dá um sentimento de “orgulho do meu país”, haha.
Quais riscos a República Tcheca enfrenta em caso de aumento da censura, e como o Brasil pode evitá-los?
Essa é uma pergunta excelente e profunda! Ela nos obriga a pensar: qual seria o pior cenário se o poder continuar se dinastizando, ao ponto de governar com força total por décadas? Porque essa é justamente a consequência real da censura. No caso da República Tcheca, um colapso econômico poderia nos ameaçar no longo prazo. E, de forma ainda mais hipotética, também poderíamos enfrentar a substituição da população original por conta das fronteiras abertas e da imigração, além da extinção da cultura tradicional da Europa Central, sob a influência de culturas mais fortes. A guerra, aliás, é uma ameaça constante.
A guerra é um negócio. A crise é uma oportunidade para que o poder se dinastize ainda mais. E matar pessoas em guerras funciona como forma de controle populacional.
Mas, como dissemos, o poder naturalmente se homogeneiza e dinastiza constantemente, mas, ao mesmo tempo, degenera e sempre acaba colapsando. E esses processos acontecem espontaneamente e são inevitáveis. A questão é apenas quanto tempo levará até que o colapso do poder ocorra, e quem então aproveitará imediatamente a oportunidade.
Todos nós podemos influenciar esses processos e eventos criando o chamado Polis Paralela, que é a dissidência, ou simplesmente uma resposta natural do mercado às oportunidades. Nossas próprias plataformas, nossa própria mídia, nossa própria educação, nosso próprio mercado. E já estamos fazendo isso com sucesso!
A descentralização também é essencial. Se algo não tem um centro, não pode ser capturado pelo poder. Uma rede social com um dono e um único servidor é frágil. Um veículo de imprensa com um único dono e uma única redação pode ser censurado com facilidade. Uma inteligência artificial com um dono e uma única "opinião" perde todo seu potencial positivo. O que garante a sobrevivência, no fim das contas, é a concorrência e a descentralização.
Construam suas próprias plataformas. Seus próprios meios. Suas próprias editoras. Suas próprias escolas. Suas próprias ferramentas tecnológicas. Suas próprias comunidades. Seus próprios mercados. Em meu livro "Father God and Mother Love” escrevo um trecho motivador que pode ser adequado para a conclusão da nossa entrevista:
Mesmo que tenhamos sentido — digamos, por pelo menos três gerações — que tudo está piorando, todas as gerações antes da nossa também achavam que o mundo só iria piorar ‘até o fim dos tempos’. É como um tom de Shepard, criando uma ilusão de queda contínua, embora ele nunca atinja o fundo. Por isso nunca piora: enquanto tudo parece piorar sem fim, algo bom já começou a florescer em silêncio — porque todo processo de decadência inspira algum tipo de reação criativa.
Essa reação quase nunca vem do centro do poder, e geralmente é rotulada de 'anti-sistema'. Na verdade, o sistema mais forte que existe está justamente nessa descentralização. A ordem espontânea se espalha, com força irresistível, pelas células individuais do poder central.
Cecílie Jílková é escritora e jornalista tcheca, filha de dissidentes. Já trabalhou na imprensa tradicional e como roteirista de séries policiais, publicou livros sobre alimentação natural e hoje escreve no Substack sobre digitalização e liberdade de expressão. Seu romance autobiográfico Father God and Mother Love narra a infância sob vigilância, os dilemas da adolescência pós-comunismo e os efeitos da repressão nas relações familiares.
Excelente entrevista. Dá esperança nesse cenário caótico. Obrigada.
É interessante notar como países que viveram sob o jugo do Socialismo/COmunismo durante a Cortina de ferro conhecem bem a repressão e estão lutando para impedir a censura na Internet e do livre discurso!